Grande Poeta Luís Vaz de Camões

Neste blog iremos falar da vida e da obra do grande poeta português Luís Vaz de Camões

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Que me quereis, perpétuas saudades?

Que me quereis, perpétuas saudades?
Com que esperança inda me enganais?
Que o tempo que se vai não torna mais,
E se torna, não tornam as idades.

Razão é já, ó anos, que vos vades,
Porque estes tão ligeiros que passais,
Nem todos pera um gosto são iguais,
Nem sempre são conformes as vontades.
Aquilo a que já quis é tão mudado,


Que quase é outra cousa, porque os dias
Têm o primeiro gosto já danado.

Esperanças de novas alegrias
Não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado,
Que do contentamento são espias.
                                                              


                                              Luis Vaz de Camões



Fonte: http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v007.txt

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Fogo Que Na Branda Cera Ardia,

Vendo o rosto gentil que na alma vejo.
Se acendeu de outro fogo do desejo,
Por alcançar a luz que vence o dia.

Como de dois ardores se incendia,
Da grande impaciência fez despejo,
E, remetendo com furor sobejo,
Vos foi beijar na parte onde se via.

Ditosa aquela flama, que se atreve
Apagar seus ardores e tormentos
Na vista do que o mundo tremer deve!

Namoram-se, Senhora, os Elementos
De vós, e queima o fogo aquela nave
Que queima corações e pensamentos.

                                   
                                               
             Luís Vaz de Camões





Fonte:
http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v346.txt